domingo, 22 de abril de 2012

Vampire




Sei que deixaste a janela aberta propositalmente...
Daqui, sentado à beira de tua cama,
Vendo teus olhos mentirosamente fechados,
Leio o movimento das cortinas
Mãos que me chamam
E eu vim...


Atravessei as ruas pouco iluminadas

E nada mais me interessou... nenhuma outra mulher
Para receber o sim da vida e da morte que te ofereço
Sem retorno
Com dor
Mas te prometo, com prazer.



Posso ouvir tua voz no quarto pouco iluminado

E quem poderia supor que agora estou ao teu lado
Nesta noite eloquente e nem um pouco silenciosa?
Se fossem mais atentos, poderiam até me ouvir
Nos ouvir
Mas a falta da dimensão poética, os fez surdos
E tenho de agradecer-lhes..



Preciso de ti

Teu sangue não é apenas um alimento,
Mas você
Meu banquete de corpo e alma.
Irei drená-los e serás a escrava de minha presença 
Assim como serei ao infinito dos meus dias
Que podem durar semanas, meses, segundos.



Romperei as tradições

Beberei teus seios
Beberei teu ventre
Deixarei sedento teu sexo do mais puro prazer da vida
Que até então desconheces.
E o teu nome
Que remete-me quem sabe, à lembrança de um mensageiro profético,
Me dirá no primeiro chamado como me esperavas
Não apenas nas noites, mas nas longas manhãs;



O meu nome sei que tens sorvido com volúpia

Em cada letra, 
em cada suspiro, em cada arrepio de minha chegada
Por isto me chamaste nesta noite quase quente
Quase silenciosa.
Vejo teu colo artificialmente descoberto
Assim como me proporcionas-te o decote pela primeira chegada.
Eram outros olhos, 
Mas a respiração descompassada era a mesma.
Mas te enganas se pensas que não desejo 
mais que a pele macia
E nem teus olhos fechados podem supor.



A porta do quarto encontra-se fechada

E pouco a pouco os sons de fora vão morrendo,
As luzes artificiais vão apagando.
Estamos sós...
Te moves preguiçosamente pela cama 
Os olhos ainda pedindo para serem despertados
Ofereces-me a nuca...
As costas nuas
Os cabelos rédeas
E ao aproximar-me devagar,
Nosso sonho começa onde o nada principiou.
Nada a descrever
Ouse com o sangue do desejo,
E quando o sol me expulsar,
Sei que escreverás teus capítulos
Num pequeno relato
Sêmen de poesia.



Concede-me tua história

Eu que não tenho história,
Não que não haja tentado
Mas... elas deixaram-me
Transformando-se em ventres;
Deixaram a paixão ao sabor do tempo
E jovens, envelheceram,
Diante de mim,
Eu, sem humanidade
Sem humildade de querer a eternidade
Que a tua pele quase virgem de mulher me relata.



Serei o destino

A se crer nele.
Quis assim!
Cronista de tua história vampiresca
E desejar minha presença
Como o primeiro sangue que percorre veloz pelas veias,
O primeiro gole de um vinho
O primeiro alguém que valeu a pena ser lembrado
Mas que morre sem piedade.



Sou enfim teu presente

A vida nestes segundos no teu quarto
Na contagem que chega ao final
E ao início de ti mesma;
E lembra,
Não se esqueças de deixar sempre a janela aberta.



Antes de tudo me beije

antes que seja tarde e que o sol se ponha 

ou a manhã nos empurre sem alento.
Não se esqueça de me dar um merecido beijo
olhar em meus olhos e me dizer sem palavras que me ama.
Prometo que não escreverei inverdades
que meus poemas serão o sangue não vertido de minha vida
de muitos minutos desejados e extasiados com tua presença
amor em forma de letras
letras que ainda criarei tentando me definir
e o meu sentimento sem limite por ti.